«E quando uma voz como a sua faz aliança com uma sensibilidade como a dele, o produto é um intérprete de eleição...»António de Almeida SantosMais do que simplesmente regional, o fado de Coimbra tem sido um digno representante da nossa cultura onde quer que tenha sido tocado, levando a todos os cantos do Mundo um pouco da maneira de ser e sentir das gentes de Portugal. Fernando Rolim é um dos dos seus mais ilustres representantes. Representatividade essa que recolhe não só na herança tradicional coimbrã,mas,também, por um cunho muito particular interpretativo, muito apreciado e dificilmente imitável.Fernando José Monteiro Rolim, nasceu em Coimbra, herdando de muito novo o gosto pela música. Primeiro, com apenas oito anos iniciou-se no violino e já adulto estudou canto lírico. Os estudos, primários e secundários, passou-os entre Cantanhede, Chamusca e Santarém. Nesta última cidade integrou a conhecida Orquestra Típica Scalabitana, como solista, onde efectuou os seus primeiros espectáculos públicos. Também em Santarém fez parte do grupo local de fados de Coimbra.Depois de concluir os estudos secundários, rumou a Coimbra, sua cidade natal, onde ingressou na Faculdade de Medicina, em 1950, licenciando-se em 1958. Durante este período como estudante de Coimbra, Fernando Rolim inscreveu-se na Tuna Académica, no naipe de violinos, transitando rapidamente para o de cantores. No Orfeão Académico, onde foi solista, pertenceu ao naipe de primeiros tenores. Também acompanhou por diversas vezes, por convite, o Grupo Coral da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Com estes organismos académicos realizou digressões pelo país e pelo estrangeiro, nomeadamente: Espanha; França; Suíça; Holanda; Reino Unido e Brasil.Após o serviço militar cumprido, como médico militar em Angola, entre 1961 e 1963, Fernando Rolim radicou-se em Setúbal onde se especializou como médico pediatra e alergologia infantil.A sua actividade editorial não é extensa, mas é sem dúvida alguma de enorme importância no histórico legado da música coimbrã. O primeiro registo discográfico data de 1953, um «single» de 78 rotações com o selo Arnaldo Trindade, seguindo-se outros E.P's. Em 1984 e 1985 gravou dois álbuns em parceria com outros cantores.Cantor de eleição, do chamado «segundo período de ouro do fado de Coimbra»,onde pontificavan nomes como Luiz Goes, Machado Doares, José Afonso e Adriano Correia de Oliveira, Fernando Rolim está de volta à edição discográfica com «Regresso de quem nunca partiu», um álbum inspirado, sedutor, em que se pode escutar, na sua poderosa e fascinante voz, alguns dos mais famosos compositores de Coimbra.O Fado de Coimbra tem um passado, um presente e terá com toda a certeza um futuro. O presente é agora na voz de Fernando Rolim. «Regresso de quem nunca partiu», um disco em que se constata que a tradição musical coimbrã está viva e recomenda-se.
(in Magazine Artes)
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