quarta-feira, outubro 29, 2008

BNB - «Bossa Mamma Mia!»

Imagine-se o exotismo e o colorido da «bossa nova» com o que de melhor se fez, desde sempre, na música «pop»...A música dos Abba.
O resultado é um disco inovador, brilhante mesmo.
A «bossa nova» nasceu nos anos 50, criada por jovens de classe média alta do Rio de Janeiro. Tom Jobin e João Giberto foram sem dúvida os nomes que mais se destacaram nesta inovadora, para a época, vertente musical. A sua paternidade vinha do samba e do jazz. No início foi descrita como elitista, feita pela classe média e para a classe média. Mas a verdade é que a «bossa nova» foi o género musical que tornou o Brasil como uma das maiores potências musicais do planeta.
A música de Abba não tem comparação na música dita popular. Formados em 1972, Agnetha Fältskog, Björn Ulvaeus, Benny Andersson e Anni-Frid “Frida” Lyngstand, ultrapassaram as fronteiras da Escandinávia ao venceram o Festival da Eurovisão em 1974 com Waterloo, lançando-se então numa carreira de popularidade global como não se via desde os tempos dos Beatles. As suas canções tornaram-se rapidamente enormes sucessos universais. Para a memória colectiva ficam canções, entre dezenas, como «The Winner Takes It All»; «Dancing Queen»; «Super Trouper»; «I Have A Dream»; «Take A Chance On Me»; «Gimme, Gimme, Gimme»; Knowing Me, Knowing Me»; «Fernando» ou «Mamma Mia». O facto é que, 25 anos depois do fim da aventura, a música dos Abba continua tão popular como o foi em tempo de vida do grupo.
A Ovação edita agora «Bossa, Mamma Mia», pelos BNB. Um disco em que a musicalidade dos Abba é transportada, de forma absolutamente perfeita, para a «bossa nova». Para além de um disco de grande elegância técnica e originalidade, «Bossa, Mamma Mia» revela-se uma outra forma de se escutar canções imortais em tons mais tropicais.
«Bossa, Mamma Mia» é um disco fundamental pela sua criteriosa abordagem à música dos Abba.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Pedro Barroso - Sensual Idade

A música de Pedro Barroso é transversal e atravessa idades e gerações, sempre plena de significados e de sensibilidade. Se dúvidas existissem aí está este novíssimo «Sensual Idade», a comprová-lo.
Vindo inicialmente de uma área de intervenção crítica, a música e as palavras de Pedro Barroso têm denotado uma progressiva opção temática de um carácter mais abrangente, onde releva uma aprofundada procura dos seus grandes temas de sempre - o amor, a solidariedade, a História, a reflexão íntima sobre os valores da vida - assumindo-se como um autor sério e rigoroso, cada vez mais respeitado enquanto cantor, poeta e compositor.
Considerado como um dos últimos trovadores de uma geração inconformada - que ajudou, pela canção, a conquistar as liberdades democráticas para Portugal, Pedro Barroso continua a constituir-se como uma proposta alternativa, sempre irreverente, critica e sensível nos seus concertos, repletos de emoção e coloquialidade.
A par com uma extensa Discografia como autor e compositor (cerca de 30 discos editados, entre Ep’s, singles, LP’s, CD’s, Antologias várias e discos colectivos), Pedro Barroso tem também publicado poesia («Cantos falados» ed. Ulmeiro, 1996; «das Mulheres e do Mundo» ed. Mirante, 2003) e ficção ( «O País Pimba» Ed Calidum, 2006, brevemente «Contos Anarquistas»)
«Sensual Idade» aponta sobretudo a um público adulto, pois aborda a sensualidade e algumas das suas múltiplas variantes no complexo e sempre insondável universo do sentir humano. Um registo discográfico que mergulha com subtileza e abrangência em tão susceptível e melindrosa matéria. Aposta ganha, diríamos nós, até por reflectir observação, segundo o próprio, filha de muita idade e muita experiência.
É sem dúvida um disco de fino traço poético e extremamente elegante. Apela ao sonho e ao sorriso. Apela à inteligência e à tolerância. E conduz-nos, de tema em tema, a um universo de bom gosto e cumplicidade.
Sensual Idade é um disco de doze canções e dois poemas, onde a poesia ganha voz, em simbiose superior com ambiências sonoras envolventes e perfeitas. Para isso, muito contribui o excelente naipe de músicos com que Pedro Barroso se fez acompanhar na produção deste novo projecto. Assim, além dele próprio, assumem especial relevo as participações de Luís Petisca (bandola, guitarra portuguesa e clássica); Manuel Rocha (violino); Miguel Carreira (Acordeão); Luís Sá-Pessoa (violoncelo); Rodrigo Serrão (contrabaixo); Nuno Fernandes (tuba); Nuno Barroso (Piano, coros): ou o S. Marcos Quartet, entre outros. De destacar também a colaboração de Lara Li que partilha um dueto brilhante.
Um disco que roça a perfeição, onde a melodia e as palavras se abraçam e, num eterno beijo se deixam cantar, como por encanto, por um dos maiores ‘cantautores’ nacionais.